Dragon Age é um Primeira Aventura da Green Ronin?

Vi hoje a tarde uma entrevista do presidente da Green Ronin, Chris Pramas, no site Game Banshee e encontrei uma tradução feita pelo Shingo do 42 quando cheguei do trabalho (e que vou roubar para colocar aqui, hehehe). No melhor estilo do Rocha da Área Cinza, vou colando aqui as partes da entrevista que achei mais interessantes e comentando uma a uma.

Como as negociações para Dragon Age efetivamente surgiram? Você se aproximou da BioWare, ou foi de outra forma?
Eles se aproximaram de nós e conversamos sobre o assunto durante algum tempo. Nós estavamos, claro, totalmente interessados.[…]

Bacana isto da idéia de uma versão do jogo em RPG de mesa ter partido da BioWare. Nenhum choque, provavelmente pela longa ficha de jogos baseados em D&D da empresa mas, me pergunto quais as intenções da BioWare com isso ? será que essa é a idéia da empresa para uma expansão da experiência de jogo do Dragon Age?

O fãs de longa data da BioWare estão provavelmente mais familiarizados com os jogos de RPG associados com Dungeons & Dragons. De que forma as regras de Dragon Age serão similares/diferentes das de D&D?
Assim como D&D e vários outros jogos publicados ao longo dos anos, Dragon Age é um sistema de classes e niveis. Semelhante ao jogo de computador, o RPG possui 3 classes: Mago, Ladino e Guerreiro. Ele é diferente em muitos outros pontos. Ele usa apenas dados de 6 faces, e usa um sistema de magia por pontos ao invés do sistema vanciano, e não tem sistema de alinhamento no início.

Como assim sem sistema de alinhamento “no início”? Isso quer dizer que não vão haver regras neste box set inicial, ou então o alinhamento dos personagens vai sendo definido ao longo do jogo, pelas ações dos mesmos? Se for a segunda opção, apesar de ser um jogo obviamente para iniciantes, vai exigir um julgamento moral das ações dos personagens por parte do mestre e dos jogadores. Bacana.

O novo jogo de RPG de mesa é descrito como “fácil de aprender”. Quais foram os passos dados para assegurar que o esta versão do RPG não tenha uma curva de aprendizado muito dificil para veterano entusiastas do RPG e para iniciantes?
Nosso primeiro lançamento é um box set o que presume nenhuma necessidade de experiencia com outros RPG. Ele é desenvolvido de uma forma que ensine as pessoas a jogar, então ele tem várias dicas e exemplos. Acima disto tudo, o sistema é simples e não é tão complicado quanto a Terceira e Quarta edições de D&D. Tudo funciona com testes de habilidade, então você rola 3d6 e soma um número para ter seu resultado.

Como eu já havia dito ali em cima, Dragon Age vai ser um RPG para iniciantes, muito parecido com um certo jogo Brasileiro. O que nos leva ao próximo quote da entrevista:

[…]O box set terá 2 livros [um Guia do Jogador e um Guia do Mestre],um mapa poster de Ferelden e 3 dados de 6 faces. O Guia do Jogador apresenta o RPG de uma forma geral e este jogo especificamente. Ele mostra como fazer um personagem e dá para você os 5 primeiros níveis de cada classe. O Guia do Mestre ensina arte de como mestrar e inclui uma aventura que você pode usar para começar sua campanha. Ambos os livros terão arte criada pela BioWare, assim como novas artes que nós estamos fazendo.[…]
[…]Nós faremos novos conjuntos que combriram os niveis 6 á 10, 11 á 15 e 16 á 20. Nós daremos suporte ao jogo com aventuras e outros materiais. O que eu gosto nesta abordagem é que nós não estamos pedindo que você compre um conjunto inicial e depois o “jogo real”. O conjunto inicial é o jogo e você irá apenas construí-lo em cima dele.
Em um ano eu gostaria de ver um segundo conjunto e o nascimento de uma comunidade de jogadores de Dragon Age. Em cinco anos eu espero ver um grupo inteiro de errepegistas que entraram no hobby por causa do Dragon Age. Tradicionalmente, a maioria das companhias de RPG deixa a captação de sangue-novo para quem esta publicando D&D. Eu acho que nós precisamos de mais jogadores e estou fazendo o meu melhor para fazer alguns.

Quero que acertem as minhas bolas com um martelo se isto não é muito parecido com o Primeira Aventura, do Marcelo Cassaro, tanto na concepção do box set como na estratégia comercial e na tentativa de trazer mais jogadores para o hobby. Aliás, é quase igual. Conhecendo a sorte do Cassaro, aposto que daqui três meses vai ter gente acusando ele de plagiar o Dragon Age, e dane-se a lógica.
Dragon Age será lançado em setembro nos Estados Unidos pelo preço de US$ 29,95.

João Paulo Francisconi

Amante de literatura e boa comida, autor de Cosa Nostra, coautor do Bestiário de Arton e Só Aventuras Volume 3, autor desde 2008 aqui no RPGista. Algumas pessoas me conhecem como Nume.

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17 Resultados

  1. "Eu acho que nós precisamos de mais jogadores e estou fazendo o meu melhor para fazer alguns."
    Será isso um fenômeno mundial, de a quantidade de jogadores ter diminuído? Será que diminuiu ou estão
    apenas mais dissolvidos em tantos entretenimentos que surgiram nos últimos anos?
    Gilson

  2. Nume, lembra que tem outros rpgs que também já usaram o modelo 'jogo com patamares divididos em diversos livros'. O mais atual que me vem a cabeça é o Scion, mas que eu lembre o D&D antigão também era assim. Na verdade essa é a continuidade de uma idéia antiga.
    E isso ignorando jogos que dividem seu sistema em antes e depois do épico, como a 3e (que teve um livro próprio para os níveis épicos) ou o Exalted (quando considerando o básico como 'pré' e o Dreams of the First Age como 'pós').

  3. Marcelo Dior disse:

    Comparando produtos da Green Ronin com o que o Cassaro faz? Estou ofendido.

  4. Tek disse:

    O que acho que o Nume quis dizer não é que esses caras copiaram o Cassaro, mas que o cara sempre esteve antenado em tendências respeitadas lá fora, e que as críticas que são feitas ao trabalho dele devem ser pura implicação.
    Mas eu gostei do Dragon Age ter como premissa ser algo simples.

  5. "Como assim sem sistema de alinhamento “no início”? "
    É basicamente isto, colocando nas palavras de Pramas
    "Primeiro, os cavaleiros do reino de Ferelden [onde Dragon Age: Origins se situa] só podem ganhar o titulo através dos seus atos. No RPG de mesa você não irá começar como um cavaleiro, mas você pode se empenhar para se tornar um. […]."
    Eu penso que o q o Pramas quer com o Dragon Age é que ele se torne o D&D dos não Rpgistas, tanto que toda a estratégia do jogo é parecida com o lançamento do 1º D&D, sem contar a história de ganhar mercado e crescer.
    Qnt a comparação entre 1ªA e o DA tem uma grande diferença já que o primeiro não tinha nenhum cenário forte por trás.

  6. valberto disse:

    De boa, é pura evolução paralela. Não é porque os caras da GR fizeram que eu vou achar bom. Por mim, usava o sistema do M&M e fim de papo.

  7. Rogerio Saladino disse:

    Bom, acho uma boa idéia da Green Ronin, o que é óbvio.
    Não, não acho que os jogadores estejam diminuindo agora. RPG SEMPRE precisa ter sistemas/aventuras/cenários e similares para atrair novos jogadores. Nosso hobby precisa de renovação constante.
    Fico feliz com a comparação com a Green Ronin, que é uma editora que eu curto.
    Não acho que seja "evolução paralela", apenas tentativa similares, afinal, a gente também acompanha outras editoras gringas e acha legal as ideias e iniciativas…

  8. Shido disse:

    Pode parecer uma bobeira, mas uma coisa que achei *muito* positiva é o uso de apenas d6. Na real, o uso de um único tipo de dado em si já é ponto positivo — como o M&M/Blue Rose/True20 usando apenas o d20 –, mas, em se tratando de um RPG que mire nos iniciantes, é melhor que seja um dado comum, do tipo que é possível que já se tenha em casa — ou, se não tiver, é fácil de se adquirir sem precisar recorrer a lojas especializadas.
    A seleção enxuta de classes também é uma bola dentro, com opções mais específicas aparecendo posteriormente. Como já falei num artigo aqui, se a coisa é class-based, as classes básicas devem ser *realmente* básicas.
    Vou adquirir assim que sair, e espero todo o sucesso do mundo. É bom ver um jogo de fantasia pra iniciantes realmente enxuto, sem toda uma bagagem de "tradição" carregada desde os anos 70, com muita coisa que já não tem realmente lugar hoje em dia.

  9. Heitor disse:

    Hmm… só uma coisa. O jogo eletrônico via ser para maiores de 18, e o de papel para iniciantes. Será preciso uma BOA enxugada na dupla S&V para deixá-lo, no mínimo, censura 12 anos…

    • Marcelo Dior disse:

      Iniciante no RPG não é sinônimo de criança. O primo da minha namorada começou a jogar RPG com 32 anos.

      • Heitor disse:

        Bom, mas boa parte das pessoas começam a jogar RPG quando mais jovens, não? É bem mais fácil um adolescente começar a jogar do que alguém com mais de 30.

        • Tek disse:

          Boa parte das pessoas pode começara jogar RPG mais nova, mas isso não quer dizer que é mais fácil para um adolescente do que para alguém nos 30 começar a jogar.
          Até porque na minha visão alguém na faixa dos 30 pode ter maior facilidade de compreender alguns conceitos, e até ter mais tempo para entender o jogo.

          • Heitor disse:

            Bom, mas excluir uma parcela significativa de jogadores de RPG de papel com um jogo 18+ não é uma boa… ou seja, falava em termos de quantidade; uma pessoa mais velha/madura tem mesmo uma capacidade melhor de absorver um jogo de RPG. Mas confio na GR na hora de passar a faca/censurar alguns elementos, se for preciso.
            Mas mudando o foco, a iniciativa de lançar o jogo em uma caixa básica como formato padrão é uma boa; jogos assim simplesmente ficam incríveis. Tomara que o formato ainda tenha o mesmo furor de antigamente.
            (e quem sabe a Jambô não traz pra cá…)

  10. Essa questão de usar apenas d6 é bem legal mesmo, semelhante ao RPG QUEST, que tem como foco os iniciantes.
    Gilson

  11. valberto disse:

    Pois é… do rpgquest que vem fazendo isso a uns tres anos ninguém comenta…

  12. Metal_Sonic disse:

    Eu tinha o RPG Quest. Eu achava o sistema complicado para iniciantes (opcões demais só confundem) e o livro mal escrito, era terrível achar o que você queria nele.

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