A Busca do Graal: O Arqueiro

Primeiro livro da trilogia do Graal, do conhecido autor britânico Bernard Cornwell, O Arqueiro é um dos melhores exemplares da ficção histórica do autor. Ambientado durante a Guerra dos Cem Anos, Cornwell narra a história do arqueiro Thomas de Hookton, filho bastardo de um padre que guardava a lança de São Jorge na pequena aldeia de Hookton.
Ao longo da sua jornada para reaver as relíquias roubadas de Hookton pelo misterioso Harlequim (título original da obra, por sinal), Thomas acaba por participar de algumas das batalhas mais emblemáticas do conflito entre Inglaterra e França ? a tomada de La Roche-Derrien, o saque de Caern e o choque final das forças inglesas e francesas. E são nestas batalhas e escaramuças que Cornwell demonstra seu maior talento como escritor: a descrição de combates.
Poucos são capazes de descrever o encordoar de um arco, uma carga da cavalaria ou o caos do saque desenfreado tão bem quanto o britânico. No Brasil, um dos “discípulos” de Cornwell é Leonel Caldela, se você já leu a trilogia da Tormenta e gostou das muitas escaramuças presentes nos livros, vai se sentir em casa na trilogia do Graal. Muitas das técnicas narrativas do Brasileiro vieram diretamente do autor britânico.
Por outro lado, o trato dos personagens por vezes me deixa confuso, é como se o autor não conseguisse se decidir por uma personalidade para o protagonista. Talvez seja apenas implicância minha mas, na tentativa de tornar Thomas um personagem mais humano, com suas indecisões, Cornwell acaba por torná-lo mais duvidoso. A trama, no entanto, é sólida e racional, apesar de me confundir um pouco as alianças feitas ao longo da história. Talvez seja umas das qualidades do autor conseguir pensar como um homem do século XIII mas, parece que não funciona para mim, ainda estranho quando um antigo inimigo vira aliado ou quando um amor é simplesmente esquecido.
Fora estes pequenos deslizes, O arqueiro é um excelente livro e uma obra-prima da ficção histórica, praticamente todos os fatos históricos aconteceram exatamente como apresentados.

João Paulo Francisconi

Amante de literatura e boa comida, autor de Cosa Nostra, coautor do Bestiário de Arton e Só Aventuras Volume 3, autor desde 2008 aqui no RPGista. Algumas pessoas me conhecem como Nume.

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6 Resultados

  1. Tornei-me fã com a saga de Arthur e logo depois fui comprando a saga viking. Narrativas excelentes mesmo.
    Gilson

  2. Kendi disse:

    Na verdade, o Órion no OTD me passou uma imagem semelhante ao que você descreveu para o protagonista Thomas, mas eu não vi essa característica como um ponto negativo. Bom, eu não li O Arqueiro ainda, então ainda é cedo para ter certeza.

  3. danramos disse:

    É implicância tua mesmo rs rs, o Thomas tem uma personalidade bem complexa, mas é caotiqueira do personagem mesmo.
    E se você ficou aturdido com as mudanças de alianças e os amores esquecidos, ia sofrer na minha mesa! =P
    Na minha opinião, o problema de Cornwell é generalizado, os personagens das histórias são muito parecidos. O Thomas lembra o Derfell, que lembra o Uthred, que lembra o carinha lá d´O Condenado.
    Mas ele é muito foda mesmo, e pode me considerar discípulo dele (um dia, quando eu virar escritor de verdade ^^).

  4. Gruingas disse:

    Li o livro faz pouco tempo e estou lendo a 2a parte da trilogia agora. Acho o Thomas um personagem complexo mesmo, mas realista. Em momentos de grande crise ou tensão acho que todo mundo é contraditório, e acho muito foda o autor conseguir colocar isso em seu personagem.
    Sobre as trocas de alianças eu acho interessante e plausível, mas realmente confunde um pouco.
    Agora as descrições de batalhas são arrasadoras!

  5. Moreau do Bode disse:

    Encomendei esse livro no inicio da semana *com recomendações do Daniel aí*
    Quano chegar poderei tirar minhas proprias conclusões sobre o livro.

  6. Michel disse:

    Realmente o Bernard Cornwell é muito bom naquilo que o fez famoso (pelo menos entre os jogadores de RPG, acredito): as descrições de batalhas. O texto corre solto, apesar do detalhamento, sem ser pedante ou cansativo. Resultado: o leitor se sente imerso no universo bélico da época descrita.
    Li a Trilogia de Arthur, esta do Graal e O Condenado (Stonehenge ainda está parado na pilha de livros para ler). Achei todos bons, mas não chamaria nenhum de obra-prima da ficção histórica. Por sinal esse último parágrafo do post pecou mesmo pelo excesso, <quote>praticamente todos os fatos históricos aconteceram exatamente como apresentados</quote>. Eu diria que o autor constrói sua ficção de forma realista sobre uma base de relatos históricos consistentes, mas isso não quer dizer que ele não tome algumas liberdades poéticas – embora o legal seja ele sempre procurar expor os motivos para fazê-lo ao final de cada obra – e não cometa alguns erros.
    No mais, parabéns pelo post e pelo site/blog.

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