Eventos de RPG e sua importância na estruturação e sustentabilidade do mercado.

Quando o Lobo sai da Toca…

Meu nome é Tiago Lobo, trabalho desde 2007 com produção executiva e assessoria de imprensa para eventos culturais diversos, entre eles, posso citar aproximadamente 30 edições do encontro semanal RPG na Praça, 4° Tchê RPG, shows da banda gaúcha Fruet e os Cozinheiros e palestras sobre RPG e Educação. Pretendo compartilhar, aqui, um pouco das idéias que eu acabei desenvolvendo durante esses 2 anos de curtas e intensas atividades na área.

Diretrizes:
Alea Jact Est

Acredito que um evento de RPG precisa ser feito com ingresso gratuito e com base nos seguintes critérios:

  1. Promoção de um produto – jogos de RPG.
  2. Estruturação e ampliação de público – Interação entre jogadores novos e veteranos.
  3. Apelo midiático – Chamando a atenção da imprensa!

Promoção:
Sem investimento não há lucro

O principal em um evento é promover um produto ou uma ação de alguma empresa, chamando, assim, a atenção da sociedade para essa ação. Se esta empresa não investir em um, ou mais, eventos que a promovam, ela não poderá exigir um mercado consolidado, pois não participou, ativamente, do seu processo de estruturação.

Nesta situação a promoção dos jogos de RPG enquanto produto fica defasado perante a sociedade, que continua portadora do direito irrefutável de formação de opinião contrária ao produto em questão – jogos de RPG – pois as empresas do segmento, neste caso, não vem provindo à massa com informações que visem o esclarecimento ágil sobre o que estão vendendo e oferecendo como serviço.

Depois disso eu pergunto: como é possível traçarmos um panorama que indique preconceito contra um serviço que não é divulgado, tampouco difundido, sendo uma atividade de nicho que requer um poder aquisitivo considerável, em uma sociedade com má distribuição de renda e com 37 mil habitantes beirando o analfabetismo funcional?

Estruturação:
Quem não é visto não é lembrado

Quanto mais ações as empresas do segmento desempenharem, mais mobilidade, credibilidade e visibilidade elas terão perante seu público-alvo, e não falo aqui somente de lançamentos, mas de produção executiva de eventos e ações culturais, patrocínios, apoios, promoções e etc.

Para existir um mercado é necessário que exista toda uma máquina econômica trabalhando a todo o vapor, com profissionais capacitados, e demanda maior que a procura – você já vai entender onde quero chegar…

A procura do consumidor deve ser sempre suprida, em tese, pois existem “n” variantes como a pirataria e aumento no preço da matéria prima, só para citar dois. Mas não é o que vem acontecendo com a demanda do mercado interno, com lançamentos de livros cada vez mais raros. Isso abala todos os alicerces da fatia da pizza que convencionamos chamar de Mercado de RPG.

Se não existe procura, existe falha na qualidade ou promoção de um produto. Por conseguinte a máquina do mercado se encontra com uma barra de ferro entre suas engrenagens, impossibilitando o crescimento de sua produção. Já deu pra entender, e talvez até aceitar, onde eu quero chegar com toda essa analogia?

A máquina se move na medida que existe investimento por parte das empresas e potencial de ampliação do quadro produtivo. Mas isso é impossível de acontecer se deixarmos aquela maldita barra de ferro atravessada entre os dentes da engrenagem principal…

Com uma máquina funcionando em perfeito estado, o quadro consumidor tende a se ampliar, pois aí existem ações que angariam público para o produto – RPG.

Apelo:
Dê a César o que é de César

Chegamos na minha questão predileta, vendo a concepção geral dos devaneios que eu expus por aqui: provavelmente só agora vocês vão entender que a minha auto-sugestão de “façamos eventos de RPG com entrada franca” é baseada em fatos e argumentos.

Quando se produz um evento cultural – de qualquer tipo – beneficente, com entrada franca e com alguma ação social atrelada, o responsável pela produção executiva, ou assessor de imprensa, possui uma carta na manga para chegar na imprensa: o papel social do jornalista.

É papel social dos veículos de comunicação – imprensa como um todo – divulgar ações abertas à comunidade local. Isso possibilita um retorno de marketing gratuito muito mais rentável para uma empresa e mesmo para a máquina do mercado.

Claro, não pensem que qualquer um pode entrar na Rede Globo com um livro de RPG e exigir que o Jornal Nacional conceda apoio editorial para o seu projeto de RPG dentro de lanchonetes. Sem desmerecer, aqui, o RPG no Bob’s.

A imprensa é uma “entidade” interessante, por isso é preciso saber quando e como usá-la. Falarei disso no futuro.

Vamos, conforme o prometido, aos fatos: depois de várias edições do RPG na Praça, que contou com uma matéria em sua primeira edição para a Ulbra TV, e uma entrevista com o Rafael Svaldi para um programa da emissora TVE, eu comecei a trabalhar de uma outra forma…

Eventos de RPG precisam ser gratuitos.

O 4° Tchê RPG, por exemplo, contou com um VT 30′ sendo exibido em duas emissoras de televisão, 3 entrevistas ao vivo, falando sobre os jogos de RPG e sobre o evento, uma entrevista para uma rádio e uma matéria na capa do Jornal Agora do município de Rio Grande. Isso sem contar as notas em agendas culturais.

Como se consegue tudo isso? Leia o artigo novamente, com calma, e depois se achar complicado contrate um assessor de imprensa.

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9 Resultados

  1. Snake disse:

    Ótimo artigo, Tiago.
    O lance, na minha opinião, é que poucas empresas de RPG no Brasil realmente tem condições de investir em eventos (acho que só três empresas), e essas, não arriscam investir ou investem apenas em eventos locais.
    Daí a divulgação do RPG através de eventos, dá quase na mesma, infelizmente.

  2. Jagunço disse:

    Uma forma legal de observar a coisa. 🙂 Gostei da abordagem.
    É engraçado como existe um discurso comum da inexistência de mercados no Brasil. Tudo bem, vá lá que seja verdade. Mas “e aí?” É pra chorar?
    Esse trecho é excelente:
    “A máquina se move na medida que existe investimento por parte das empresas e potencial de ampliação do quadro produtivo.
    (…)
    Com uma máquina funcionando em perfeito estado, o quadro consumidor tende a se ampliar, pois aí existem ações que angariam público para o produto – RPG.”
    O fundamental da lógica do evento como chave de mercado é que ele populariza o produto (ou deveria). Acho que fica bem claro que esse tipo de encontro deveria ser algo para apresentar para os leigos o jogo, quebrando uma certa rotina de “só para os Iniciados”.

  3. Jagunço disse:

    Se é tão complicado assim bancar esse tipo de investimento, não está na hora de uma inserção mais bruta mesmo desse tipo de empresa nos debates de incentivo à cultura? Sem querer entrar no mérito da questão profissional, mas o Estado poderia, sim, dar uns ponta-pés iniciais. Ás vezes de forma tímida, mas com uma boa pressão, as coisas mudam. Aqui em Fortaleza, existe espaço fornecido pelo Governo do Estado e tudo, para o jogo – acho que isso é comum em todas as capitais, não é? Começa assim.
    E acho que os Encontros Locais e Regionais são ótimos. Pelo menos quando você mora no Nordeste e o “Encontro Nacional” fica a mais de 1500km de você…

  4. Tiago Lobo disse:

    Agradeço a participação e as opiniões, Snake e Jagunço.
    É exatamente isso que eu procuro expondo o meu ponto de vista aqui.
    Sobre a sua observação, Jagunço, acho que você está correto. O detalhe das leis de Incentivo à Cultura é que na teoria funciona de uma forma, e na prática de outra.
    Eu nunca trabalhei com Leis de Incentivo, como LIC, Rouanet, Fumproarte e etc, mas estudo essas possibilidades desde 2005, mais ou menos. Quando comecei a me interessar por trabalhar com produção executiva. O detalhe é que essas leis exigem um projeto e um tempo de aprovação que impossibilita, mutias vezes a agilidade na produção. No popular: você fica dependendo dos outros.
    Sem contar que o benefício não me parece tão bom assim, no caso de eventos de RPG, onde a isenção do ICMS das empresas patrocinadoras não é muito atrativo.
    Além desse fator existem muitos projetos mais importantes e com mais peso social do que um evento de RPG poderia propiciar para a sociedade. Por isso insisto em uma nova abordagem.
    O mercado precisa sair da informalidade, dos empregos indiretos e sem remuneração para evoluir. Sob a minha ótica os eventos devem ser gratuitos, com um forte apelo midiático e custeados pelas empresas ativas no mercado.

  5. d.darkangellus disse:

    Atualmente,um dos maiores meios de comunicação não oferece tal oportunidade?Sim,estou falando de propaganda através de internet.
    Existem dezenas de Blog’s,Fóruns e Sites sobre RPG,e muitos deles com um número considerável de visitantes.
    Se,realmente,houvesse uma organização por parte de todos,acredito que a informação chegaria,ao menos,para aqueles que fazem parte do mercado como consumidores.
    Parabéns pela matéria e seja bem-vindo ao .20!

  6. Moreau do Bode disse:

    Dali Lobão.
    Sem dúvida um ótimo artigo. Tenho a mesma opinião que você. Se as empresas não investirem em seus produtos com formas de divulgação, promoções, eventos como o mercado vai crescer? Mágica?
    E como falou o Jagunço
    “E acho que os Encontros Locais e Regionais são ótimos. Pelo menos quando você mora no Nordeste e o “Encontro Nacional” fica a mais de 1500km de você…”
    Paraíbanos que o digam (y)
    Parabéns Lobo e seja bem-vindo.

  7. Jaime Daniel disse:

    Mais do que a matéria, o que é bom de ver é o Tiago aparecendo de novo!
    Engraçado, Tiago! Eu ontem estava exatamente desistindo de fazer eventos de RPG. Mas sua matéria é muito oportuna e provavelmente vai ajuadr a galera a pensar mais no assunto.
    O pessoal reclama muito da falta de eventos e encontros fora de São Paulo, enquanto aqui os eventos acontecem e ninguém aparece…
    Casa de ferreiro…
    Grande abraço!

  8. Arquimago disse:

    Bom texto!

  9. Gilson disse:

    Boas colocações.
    Gilson

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