Raças de fantasia sexualmente apelativas: considerações adicionais

Devo conceder que minha primeira abordagem sobre o tema foi um tanto quanto permeada por indelicadezas e um caráter não-construtivo no mínimo predominante, coisas pelas quais devo desculpas às partes ofendidas. Considerações contrárias foram expostas — como este artigo do Armageddon, bem como outros comentários que contribuíram na defesa de um ponto de vista divergente, e também esclarecimentos no que tange outros aspectos de relevância.
Seria muito bronco da minha parte não levar toda essa informação em consideração. Reavaliar posições e, munido das reais motivações por trás das escolhas previamente discutidas (em vez das suposições simplitas e ofensivas que assumi anteriormente), concordar onde concordância cabe, cordialmente declinar quando confrontado com pontos que não pareçam obrigatoriamente necessários e, nesses casos, me valer de uma posição construtiva.

Familiaridade é a primeira justificativa proposta. É mais fácil um jogador se identificar com um personagem dotado de tronco, dois braços, duas pernas e uma cabeça do que, por exemplo, um louva-a-deus-gigante. Vamos ainda mais fundo no terreno familiar — como nós, são espécies cujo sentido principal é a visão, se comunicam através de ondas sonoras, possuem mãos capazes de manipulação precisa.
Até aí, nada posso fazer se não concordar — mesmo havendo fatores ambientais que possibilitem, por exemplo, gastrópodes inteligentes, não é como se eles fossem uma opção muito atraente para se jogar. A coisa também possui um caráter prático, já que tais espécies utilizam o mesmo equipamento que humanos, não requerem mobília específica no quarto da estalagem, facilitam o trabalho do mestre em descrever cenas — afinal, é mais simples descrever como seqüência de instantâneos visuais na linha de tempo do que, por exemplo, uma sinfonia de fragrâncias (pro caso de uma raça de percepção predominantemente olfativa, o que provavelmente requereria redescrever a cena em separado para apenas um jogador; then again, isso pode ser interessante, mas fica pra um artigo futuro).
Aí entram os seios e a primeira justificativa para eles: seriam vitais pra diferenciação entre masculino e feminino, já que ilustrar bípedes reptilianos com genitálias à mostra bagunçaria a classificação etária dos livros. Mas daí eu pergunto: saber se um réptil bípede é macho ou fêmea é tão necessário assim? Somos condicionados na divisão entre menino e menina desde criança — azul e rosa, carrinho e boneca –, mas é tão crucial assim a manutenção desse constructo? Ambiguidade sexual é tão ofensiva? Assexualidade é tão perturbadora a ponto de pedir algo tão alienígena quanto seios em répteis?
Mangá Death Note: em certo ponto, somos informados que o shinigami Rem é fêmea. A informação veio verbalmente, já que Rem, sendo um demônio que, apesar da forma humanóide, era essencialmente inumano, não possuía seios (ou sequer “identificadores sexuais terciários”, como o lacinho na cabeça da Mrs. Pac-Man). Macho ou fêmea, o sexo da Rem teve alguma influência de relevância indispensável pra história? Não me parece. Os shinigami perdem pontos em seu cool factor por não terem um gênero prontamente identificável? Na minha opinião, não. Se eu me deparar com um cenário em que haja uma raça de visual tão bacana quanto os shimigami do Death Note, o fato de não poder saber, inequivocamente, se tratar de menino ou menina certamente não jogaria água fria na minha vontade de jogar com um(a).
Uma sexualidade de fronteira nublada interfere no quesito familiaridade? Pra maioria das pessoas (rapazes, principalmente), sim. Ao meu ver, aí entra um fator de temperança — nem tudo precisa ser 100% familiar. Se estamos falando de uma ambientação ficcional fantástica, um pouco de exotismo se faz desejável, afinal de contas. 80% de familiaridade já não está bom? Se uma dada espécie não possui a zona de conforto de “ufa, isso não agride as noções preto-e-branco de sexualidade vigentes em nossa sociedade”, pra algumas pessoas, ela pode perder pontos no fator “quero jogar com isso” — mas quem disse que isso não pode ser compensado com atributos atraentes em outras áreas que não a da sexualidade? Só sabemos que um guerraforjado (tradução em novilíngua para warforged, caso você tenha estranhado) tem personalidade masculina ou feminina graças ao texto descritivo, visto que, corporalmente, salvo por escolhas de vestuário por parte do jogador, não há dimorfismo sexual. Um warforged é menos atraente para se jogar em virtude disso?
Digamos que precisamos, ou tudo se tornará dor e horror, diferenciar entre macho e fêmea — ou, se a raça for realmente não-humana (mesmo com nossas considerações realmente práticas, cabeça-tronco-braços-pernas-olhos-comunicação-sonora), sexo A e sexo B. Invoco aqui uma citação do Aiken Frost: “Os metalianos por exemplo, não poderiam ser distinguidos unicamente pelas fêmeas serem mais esbeltas? Ou, sei lá, terem uma antena diferente? Ou qualquer outro traço, são alienígenas afinal de contas!” O Armageddon respondeu que “uma antena ou um seio é basicamente a mesma coisa nesse caso. Um acessório pra diferenciar macho e fêmea, com a diferença de que um seio para nossos padrões é mais fácil de identificar.” O Aiken sacou melhor a parte do não-humano — sexo 1 e sexo 2 fazem o trabalho. Macho e fêmea são mais familiares, e, junto com isso, os seios, sim, mas, uma vez que a parte prática do físico humanóide já está assegurada, não podemos usar justamente o fator da sexualidade, que não costuma ser assim tão relevante na maioria das aventuras heróicas de fantasia, para dar aquele tempero de exotismo? Se algo é alienígena demais ou comum em excesso, tem poucas chances de atiçar o interesse — no primeiro caso, é muito estranho para assimilar; no segundo, batido demais pra prender a atenção por mais que dois segundos. Agora, se algo nos é familiar, mas tem mesclada alguma coisa que, a princípio, nos causa algum nível de choque, aí temos um candidato pra algo notável. (Na minha opinião, cat girls não satisfazem o requisito, já que, dada a presença excessiva, em animes principalmente, já conta como “clichê batido”.)
Continuando com nossos “golens vivos” eberronianos. Pode-se dizer que “ah, mas eles são assim porque são constructos projetados para a guerra (como o nome implica), logo, é natural que sexualidade não fosse uma preocupação dos projetistas”. De acordo com o Armageddon, a “maioria dos mundos são criacionistas, com divindades desenvolvendo espécies à sua semelhança ou de acordo com determinadas funções específicas dentro dos nichos sociais em cada mundo“. Rapidamente, dá pra pôr isso em dúvida, e, novamente, uso como exemplo o Tormenta. Se você possui o Guia do Mestre 3.5 do cenário, este tem uma linha do tempo, e, se atentarmos às porções pré-históricas desta linha, veremos algo de certa forma agradável — não é criacionismo per se, mas, sim, uma roupagem criacionista para algo francamente evolutivo. Por milhões de anos, a vida só existe no oceano; aí, guiados (não criados) por mãos divinas, formas de vida conquistam a terra firme; por outros milhões de anos, grandes répteis dominam a paisagem; os humanos são uma novidade de poucas dezenas de milhares de anos. Soa familiar? Como disse o colega Aiken Frost, não é por ser fantasia “que você automaticamente tem que desligar o cérebro na hora de explicar, ou descrever, o mundo” — usar uns imperativos biológicos não faz mal, e tampouco “estraga” a fantasia. Um “fermento biológico” pode fazer suas raças crescerem de forma bastante interessante, afinal.
Mesmo que estejamos falando de criacionismo de fato — a menos que suas divindades fiquem zanzando pelo cenário e interferindo diretamente (coisa que muitos jogadores detestam, já que NPCs ultra-poderosos roubam o spotlight), se esperaria, ao longo da “evolução assistida” das raças, pequenos “empurrões” evolutivos — não é totalmente “oba-oba-vale-tudo”, nem hard sci-fi, mas um “meio do caminho” entre esses extremos. Como disse o Armageddon, “livros de RPG não são compêndios científicos”, e nem gostaríamos que fossem (afinal, se assim fosse, adeus magia) — mas um tempero de verossimilhança dá um gosto bom, faz a ambientação fantástica mais firme, fica mais fácil “comprar a mentira” quando ela tem porções de verdade entrelaçadas.
Armageddon de novo: “As ilustrações devem inspirar idéias de aventura, perigo e beleza de seu mundo, além de possibilitar seu uso como ilustração para essa ou aquela cena, ou esse e aquele personagem. A idéia não é e nunca foi trazer o humanóide médio para sua mesa, e é por isso que ao invés de uma senhora de ancas largas e barriga protuberante após o primeiro parto, a guerreira que ilustra seu Módulo Básico tem a barriga tanquinho e tatuagens sedutoras. Idem para o homem com barriga de cerveja devidamente substituido por um Conan-Musculoso-de-Tanguinha.” Não tenho por que discordar — queremos personagens, afinal, heróicos, logo, eles devem parecer impressionantes, e, certamente, acima da média (são aventureiros habilidosos e de grande potencial, ora pois). A guerreira vai ser atlética; a maga, apesar da pouca atividade física, provavelmente não vai ser gordinha — principalmente em sistemas de magia baseados em fadiga; cada feitiço deve queimar umas quantas calorias, e lançar uma bola de fogo se torna o equivalente a uma aula de aeróbica!
Mas há um abismo entre “personagens boa-pinta” e “depósitos de leite da Parmalat enfiadas em chainmail bikini“, se me perdoam a franqueza. D&D 4a. edição — pela minha lembrança de ver o livro, não há chainmail bikinis francamente apelativos (ao menos não em grande quantidade); há um esforço em deixar os trajes heróicos mais funcionais, que passam a impressão “essa é uma indumentária pra ‘tempo ruim o tempo todo’, você pode debulhar monstros sem se esfolar todo”. O mesmo se pode dizer das ilustrações do Pathfinder pela mão do Tio Reinoldo: cada desenho dá vontade de jogar com aquele personagem, sem necessidade de “apelo hormonal” (à exceção da feiticeira, talvez). Guia de Personagens dos Reinos de Ferro: fora a moça da capa e (também) a feiticeira — que nem é tanta coisa, só mostram uma faixa de alguns centímetros de abdômen –, as demais raparigas trajam roupas que realmente oferecem proteção, e que nem por isso estragam a atratividade das personagens que as usam. Como disse a Paris Hilton, “Se você tem um rosto bonito, não precisa de peitos exageradamente grandes”. E, by the way, o equivalente masculino às moças de chainmail bikini em poses insinuantes (ou arquimagas élficas meio sado-masô) é menos “Conan de tanguinha” e mais algo assim (levando o fator insinuação escancarada em conta).
Da mesma forma, como escreveu o Leonel, também colunista aqui do .20, que há certo recuo no design em termos de antropomorfização em excesso — uma tendência bem difundida, e não “alternativa”, como eu pensava –, acredito que uma retração em termos de fanzervice nas ilustrações, ao menos tomando como base os exemplos acima citados, também pode ser notada.
Como disse o Rogério Saladino, creio que vale salientar, a coisa não nem sempre vem dos autores. “Muitas vezes o ilustrador simplesmente ignora o que foi dito e faz um desenho bacana. E fica um desenho bacana que é usado.” Certa vez me disse o Trevisan, na época em que eu morava em São Paulo, que a Shivara Sharpblade, do Tormenta, foi descrita, no conto em que apareceu, como trajando uma armadura completa; o ilustrador achou mais interessante dar uma ênfase nas nádegas — e o desenho, de fato, ficou muito bom (como é de praxe, em se tratando do Vazzios). Com o desenho pronto, era mais fácil alterar o texto, questão de pressionar algumas teclas, do que reformular uma ilustração já pronta. Nem mesmo eu posso ser totalmente isentado — a fanart que eu fiz da Marah, deusa da paz é totalmente “fanservicioso”. Mas invoco meu direito de defesa, já que fui, por aí, acusado de “moral de cuecas” por causa dessa ilustração. Quando eu iniciei a série, tinha intenções de não pisar no terreno do fanservice — é só ver minha primeira Tenebra. Foi um fiasco, fui quase apedrejado pelos colegas fãs do cenário — e acabei cedendo com a segunda versão. Por que isso? É fanart do cenário, e essa é a linha com que o pessoal, aparentemente, está acostumado — e eu sei ser suficientemente pragmático quando isso pode ser benéfico; faço esses desenhos por que gosto, mas são não-oficiais e não ganho um centavo com eles, e então que também sirvam pra divulgar meu trabalho. Não é o tipo de coisa que vocês verão nos desenhos do Romância, por exemplo, visto que é outro cenário, outro tema, outra ênfase. “Moral de cuecas” seria chainmail bikini no Romância, certo?
Jogo rápido sobre os minotauros: tanto o Leonel quanto o Saladino me alertaram sobre minha ignorância acerca do minotauro de nossa mitologia, que existia apenas como exemplar masculino. Assumo meu equívoco. Mas, teimoso, ainda digo que, apesar de seguir o mito mais ou menos ortodoxamente, a coisa não precisa ser assim (pode, mas não é obrigatório). As mulheres com cabeça de besouro do China Miéville, da raça khepri, são inspiradas na deusa egípcia de mesmo nome. E como ele próprio afirmou, sendo “um filisteu nesses assuntos”, usou apenas o aparência da divindade e criou todo o resto da raça sob um viés original. É uma abordagem interessante para se considerar quando criar uma raça baseada em algum personagem mitológico — a aparência já é suficiente para evocar a familiaridade necessária; quanto ao resto, pode ser uma boa idéia utilizar-se daquele “tempero de exotismo” que citei anteriormente. O mito grego não conta com uma minotaura no labirinto, apenas um minotauro; mas, em seu cenário, minotauras podem ser interessantes.
Para fechar, outro equívoco da minha parte: biologicamente falando, não é qualquer mamífera que se presta para seios. Na verdade, somente as humanas os têm. Seios em uma mulher-leoa, portanto, são tão inverossímeis (reforço, biologicamente falando) quanto em uma reptiliana. Sobre os seios nas humanas, o colega Virtual Adept foi bacana e forneceu uma explicação ágil sobre a questão:
“É uma história simples, porém engraçada.
O atrativo sexual feminino na pré-história eram os glúteos redondos e formosos (afinal, o sexo era realizado apenas na posição de “cachorrinho”, posição natural da maioria das espécies de mamíferos).
Mas, com o tempo, devido à seleção sexual, os glúteos foram ficando maiores e maiores, o que acabou atrapalhando a posição normal, então o homem teve que aprender a fazer sexo em outras posições.
Aí que os seios começaram a se desenvolver, porque as mulheres precisara de um atrativo “de frente”. Por isso os seios foram se desenvolvendo, para imitar os glúteos.
Os seios nada mais são do que uma emulação dos glúteos no busto da mulher.”

Usei minhas (parcas) habilidades de google-fu e encontrei um artigo que fala sobre o assunto; é bem simples e resumido (foi extraído da Super Interessante) mas, se tiverem tempo e interesse, vale a pena dar uma olhada. Isso abre algumas questões interessantes. Poderia, com base nisso, qualquer raça bípede desenvolver seios? Como seriam as nádegas desenvolvidas (pelo andar ereto) de uma crocodila bípede, supondo, bem desvairadamente, que elas as possuísse? Idêntidas a de uma macaca bípede? Ou de formato diferente, desenvolvendo, assim, seios de um formato realmente exótico, a despeito da ausência de glândulas mamárias?
Novamente, ficam aqui as desculpas pela descortesia anterior, e a tentativa de uma discussão mais civilizada e construtiva sobre o assunto. Se o padrão costumeiro funciona para você, não há razão para abandoná-lo: cada um sabe de si, afinal. Se essas considerações de verossimilhança e exotismo fazem sua cabeça, porém, espero que as questões abordadas sejam de alguma utilidade — da mesma forma que me foi útil e agradável ponderar e pesquisar sobre elas.

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20 Resultados

  1. Armageddon disse:

    Só pra finalizar.
    Eu acho ótimo termos opções de personagens que fujam do estereótipo. Um dos personagens que eu mais gostei de jogar era uma massa gelatinosa assexuada que sequer possuia personalidade, apenas “replicava” criaturas que vizualizava de acordo com sua necessidade.
    Mas ela era interessante exatamente por fugir dos padrões impostos. Ai que está o divertido na diferenciação. Quanto ao lance de ter peitos ou antenas no jogo, pra mim quanto contexto de personagem eles são sim a mesma coisa. Um diferenciador sexual, com a diferença que o primeiro não precisa ser explicado.
    Apesar de ser possível ter jogos mais complexos, baseados em relações amorosas entre personagens diferentes, pra grande base de jogadores de RPG isso é de certa forma irrelevante. Você joga, passa uns momentos heróicos com seu personagem, ri muito com seus amigos e volta pra vida normal.
    Quanto a visão do autor, sei lá, eu não acho que ele tenha colocado peitos nas lagartas Draconatos apenas para satisfazer seus instintos mais malucos e zoófilos. Pra mim, só colocou pra dizer “esse é pra jogadores que queiram interpretar um macho, essa é pra jogadores que queiram interpretar uma fêmea”. Mas talvez eu esteja sendo simplório nessa =D

  2. Matheus disse:

    Parabéns aí Shido n só pelos ótimos artigos, mas, especialmente, pela humildade de voltar atrás qndo se sentiu em falta com os leitores. =D
    Parabéns tb ao Armageddon!
    Pessoalmente, pra mim a bronca são os exageros – pra um lado ou pra o outro. Em tormenta, a ausência de minoutauras sempre me pareceu interessante porque coloca um baita elemento ético a ser discutido no jogo: (grosso modo) uma raça inteira q precisa de escravidão e estupro pra sobreviver?! nossa… ISSO é q é tema adulto!
    Quanto à presença de seios em raças q n as teriam, em especial das metalianas, sempre achei muito bizarro a galera encarnar tanto com o Cassaro. Lembro-me claramente q desde a Dragão Brasil 6 mais ou menos ele dizia que as fêmeas de metalian quando em período fértil (ou algo do tipo) tinham modificações em seus corpos na forma de um acúmulo de proteínas e energia. Só que ele quis que parecessem seios.
    Achei uma explicação interessante e, ao mesmo tempo, que usava dos elementos verossimilhança e exotismo defendidos pelo Shido (e por mim).
    Mas, na real, mais bizarro ainda pra mim é ver a galera discutir sobre realismo em raças alienígenas. Por definição são algo ALIENÍGENA, ou seja, não precisa em absoluto seguir os padrões das criaturas de nosso mundo. Novamente os metalianos são exemplo disso: não são criaturas à base de carbono e sequer necessitam de água (q na real é um problema pra eles).
    No filme “Inimigo meu” a raça dos Drakes é hermafrodita. Independente das caracteríticas da raça, porém, o que me parece mais importante é o MANEJO do jogo e seus elementos.
    Pra MIM, pessoalmente, verossimilhança é algo indispensável. E fico feliz em saber q meus jogadores já têm essa confiança comigo de saber que quando surge algo mais exótico ou absurdo no jogo que eles n entendem, eu não colokei akilo ali por acaso, mas de cabeça pensada.
    Mas, mais uma vez, parece q cai tudo nakela kestão complicada do bom senso (q todo mundo acha q tem né…) e, principalmente, do grupo de jogo: se a galera ker usar o jogo pra liberar fantasias pra mim isso é problema deles. e Se acha q o elemento sexual deve ser usado com mais moderação, que assim seja.
    E a todos eu recomendo uma boa psicoterapia pra tratar de seus complexos!
    (comentário suspeito já q estou me graduando em psicologia esse ano aheuhuahe)
    braços!
    fikem com Deus!
    té +!
    Math

  3. Rsemente disse:

    Ia falar dos Draken também matheus, roubou meu comentário!
    Existe também a possibilidade de raças com mais de dois sexos, ou até mesmo de raças que dependam de outras raças para se reproduzir 😛
    Alienigena é alienigena 😛
    Muito boa matéria, e o lance dos metalianos começa por já ser bem inverosimil uma raça de seres metalicos. quanto mais humanoides, com cabeça de inseto e as femeas com seios. Mas no geral é uma obra do autor, e tudo é valido, só não entra no gost da maioria 😛 cho que até eu já joguei com um metaliano 😛 em um jogo de supers.

  4. Tek disse:

    Como esperar verossimilhança de algo ficcional? Realmente não entendo…

  5. Leonel Domingos disse:

    Verosimilhança é ter a qualidade de verosímil, ou seja, aparentar verdade.
    No caso de uma obra ficcional, é ser de tal maneira contado, criado, apresentado, que não cause estranheza ao público. Que seja plausível dentro do cenário, mesmo que seja totalmente impossível fora dele.
    Posso citar algumas obras de ficção que possuem verosimilhança, embora apresentem conceitos impossíveis, e obras que não possuem verosimilhança alguma. Não à toa, as que possuem costumam vender bem mais, porque o público não “sente que tem algo fora do lugar”.
    Então, respondendo ao que você diz não entender, Tek: Eu espero verosimilhança de algo ficcional, se esse algo for bom.
    Porém! Lembrando que verosimilhança não implica em ser necessáriamente parecido com a NOSSA verdade, com NOSSA realidade, mas sim parecer de tal forma consistente em seu cenário, com a sua própria lógica, que não cause repulsa ao expectador.

  6. Gun_Hazard disse:

    Dado a explicação do VA sobre os seios, isso ficou muito mais claro.
    Mas não muda o fato de que “Arrumamos uma desculpa para algo inconsistente”
    – Sim temos o aspecto Design
    – Temos o aspecto mitologia como reflexo imaginário
    – Temos o aspecto familiaridade
    Mas isso é realmente pensado “antes” de se criar algo ou é uma “justificativa conveniente”?
    E qual o limite para tanto?
    Neste ponto ainda acho que há um certo exagero correndo por aí.
    Sobre os aspectos de atrativos sexuais…
    As demais raças diferentes do humano como dito não precisam seguir nosso padrão estético.
    Podemos ter feromônios em vez de padrões visuais…
    A femea do pavão gosta de uma cauda colorida…
    As leoas gostam de juba farta
    Alguns lagartos tem cristas
    e tantos outros fatores
    No caso dos DragonBorns por exemplo as femeas poderiam ser “diferenciadas” dos machos por um crista, ou talvez por detalhes tão pequenos que só os dragonborns saibam reconhecer. Deixando nós humanos na total ignorância sobre quais deles são machos ou fêmeas…

  7. Leonel Domingos disse:

    Gun, quem primeiro citou a questão do design fui eu, então gostaria de esclarecer uma coisa:
    Eu citei para defender o NÃO USO da antropomorfização, dizendo inclusive que isto, ao contrário do que o Shido pensava, é uma corrente até muito forte em concept design.
    E o bom design é feito antes do produto final, não é a caça de justificativas convenientes para o que já está criado. Quanto ao caso da mitologia, ela não é reflexo imaginário quando se trata de minotauros, é referência direta e eu também citei o assunto, por favor, recorra a meu primeiro comentário, lá no artigo anterior do Shido.
    Então, eu até entendo sua defesa, mas acho que você está um pouco confuso quanto às posições colocadas, porque parece estar contrapondo um argumento que não é contrário ao seu.

  8. Tek disse:

    Qual a diferença entre ser pensado antes e ser “convenientemente justificado” depois?
    Isso pra mim só serve pra arrumar motivo de se tacar pedras.

  9. Leonel Domingos disse:

    A diferença é o produto final. Normalmente um mau produto ao qual se tenta justificar fica sempre cambeta, como diz o adágio “pior a emenda que o soneto”.
    Um produto pensado antes passa por diversos estágios e alterações. Passa por olhares críticos, antes de ter sua forma final estabelecida. E esta forma final às vezes só aparece bem depois de seu lançamento, em reestruturações que levem em conta a crítica do público.
    Como caso geral, o produto que passa por um processo de concept design é melhor que um produto que não passa (feito nas coxas seria o caso). Mas há excessões: um produto pode ser feito de uma tacada só e, por conta de um momento de genialidade, ser o melhor possível. Ou um produto pode ter passado por diversas etapas e ainda assim ser muito ruim, talvez porque parte de uma premissa ruim. Mas são excessões, não regras.
    Isto eu digo no sentido do processo criativo. Quando a coisa toda está pronta, é um pouco difícil para alguém que não participou deste desenvolvimento dizer quando houve um processo antes da arte e quando houve justificativa para tentar tapar uma idéia troncha.
    Não é impossível, há momentos em que podemos analisar e dizer “ah, peraí… achei a emenda!”. E quem for do ramo desenvolve um olhar clínico para isso. Mas sempre vamos cair em situações incômodas se quisermos levar isto a fundo. Se um ilustrador ou escritor diz que não é uma emenda, mas sim algo que ele pensou bem antes de fazer, quem somos nós para discordar?
    Acho apenas que vale a dica para quem for criar: que é melhor pensar no conceito ANTES que justificar falhas DEPOIS. E se o seu conceito coloca seios em baratas, e você consegue uma verosimilhança disto no cenário, significa apenas que você seguiu uma linha que aposta bastante na antropomorfização.

  10. Matheus, de fato o lance dos minotauros artonianos dá margem pra considerações bem interessantes — possui todo um elemento de tensão que pode ser bem utilizado em jogo. Sobre os alienígenas, de fato, não precisam se parecer com nada que conhecemos — me veio rápido “O Despertar dos Deuses” (“The Gods Themselves”) do Isaac Asimov, com seus alienígenas de três sexos distintos e de corpos que dão a impressão de serem algo próximo do gasoso.
    Bem dito, Leonel, “verosimilhança não implica em ser necessáriamente parecido com a NOSSA verdade, com NOSSA realidade, mas sim parecer de tal forma consistente em seu cenário, com a sua própria lógica, que não cause repulsa ao expectador.”
    É bom ressaltar, da minha parte, que o hábito de puxar as coisas mais para perto do realismo como conhecemos é particularidade minha, não uma constante universal. Os mecanismos naturais possuem o fator familiaridade, são coisas que conhecemos e sabemos funcionar. Facilita fazer ajustes em um sistema existente e funcional em vez de criar um do zero — corro o risco de algo simplificado demais ou de acumular inconsistências ao longo da construção de algo mais complexo. De resto, é como no caso da magia — como a maior parte dos elementos comuns do ambiente ficcional costumam ser mais ou menos realistas, ajuda construir sobre a mesma base, pra facilitar a harmonia.
    Gun, creio que o Leonel esclareceu as coisas. Talvez eu possa ter sido pouco claro no texto, mas creio que agora conseguimos nos entender. Vou revisar o parágrafo no texto pra não deixar dúvidas.
    De resto, sou partidário de “No caso dos DragonBorns por exemplo as femeas poderiam ser “diferenciadas” dos machos por um crista, ou talvez por detalhes tão pequenos que só os dragonborns saibam reconhecer. Deixando nós humanos na total ignorância sobre quais deles são machos ou fêmeas…” — não vejo qualquer problema no fato dos membros de uma raça não saberem com clareza tudo sobre uma outra totalmente diferente. É até interessante. Como eu escrevi no início, familiaridade não precisa vir num pacote de 100%.

  11. Daniel disse:

    Caras, eu só repito o que disse antes: quanto mais “humanizado” for (mais próximo do nosso paradigma), mais as pessoas se identificam com. Portanto, mais se vende, mais se agrada, mais se lucra. Eu lido com isso todo dia.
    Claro, não se aplica a todos os casos. Mas veja que, na maioria deles, essas raças/criaturas/coisas mais estranhas são vistas como curiosidade ou não tem tanto destaque quanto as raças/coisas principais. Veja que mesmo quando elas tentam ser principais na estória, sempre tem algum humano ou coisa parecida no meio, justamente pra trazer essa identificação com o público.
    Exemplos: Caravana da Coragem, Planeta dos Macacos, Transformers (Beast Wars não fez sucesso e não tinha humanos. Coincidência?), gremlins, aquele desenho engraçado dos anos 80 sobre bichinhos que faziam ‘pop’ e viravam meias =P, bichinhos humanóides (Nossa Turma, Thundercats, a Disney inteira…)…
    Basta pensar nos exemplos da nossa cultura por aí afora – geralmente toda vez que se apresenta uma raça interessante e totalmente diferente, sempre se usa um comparativo humano ou a raça não é a principal atração da parada.

  12. Leonel Domingos disse:

    Humanizado, concordo. Antropomorfizado, já não digo que haja tanta necessidade.
    Parecem o mesmo termo, mas não são, no fim das contas. Humanizar não se prende à forma, coisa que o antropomorfizar se prende. Por exemplo, “Carros” é humanizado, mas não é antropomorfizado. “a Dama e o Vagabundo”, idem.
    O que o Shido mais insistiu foi que ele não gosta da antropomorfização exagerada. E eu digo que há uma corrente grande em concept design que não utiliza tanta antropomorfização (carros é um exemplo, novamente. Wall-E é outro). Eu mesmo costumo me enveredar por esta corrente.
    Mas se quiser que falemos do ponto de vista da humanização, aí já são outros quinhentos.

  13. Rogerio Saladino disse:

    O Daniel disse:
    “Exemplos: Caravana da Coragem, Planeta dos Macacos, Transformers (Beast Wars não fez sucesso e não tinha humanos. Coincidência?), gremlins, aquele desenho engraçado dos anos 80 sobre bichinhos que faziam ‘pop’ e viravam meias =P, bichinhos humanóides (Nossa Turma, Thundercats, a Disney inteira…)…”
    Thundercats “bichinhos”? Ei!!!

  14. Daniel disse:

    É verdade, Leonel, mas no exemplo de Carros não vemos formas humanóides. Não é que seja necessidade, mas é inegável que o público precisa de uma âncora para relacionar com o seu próprio universo, e quanto maior ela for, mais as pessoas vão se sentir ligadas aos personagens e mais vão curtir (ao menos a maioria, ou o grande público).
    No caso de Wall-E, há sim uma antropomorfização: Wall-E é todo quadradão, enquanto Eve tem formas femininas (arredondadas, curvas, leveza). Aliás, robôs são um excelente exemplo disso.
    Saladino, esqueci de corrigir! Era pra substituir por “bichos” quando incluí o exemplo dos Gatos do Trovão! Hauhahuahua

  15. Gruingas disse:

    Então, notas de um biólogo de plantão.
    Os seios femininos humanos são como são provavelmente como atrativo sexual (como diz o artigo linkado pelo Shido). Mas não devemos esquecer que eles se desenvolveram a partir de órgãos já existentes, as glândulas mamárias.
    Então seios até poderiam existir em mulheres crocodilo bípedes como atrativos sexuais, mas seriam menos prováveis do que numa espécie mamífera, como mulheres raposa, sei lá.
    E não podemos esquecer que na natureza existem outros tipos de dimorfismos sexuais além de seios e cinturinha fina. Temos diferenças de tamanho, coloração, espécies em que só os machos tem chifres, antenas ou órgãos sensoriais diferenciados entre os sexos, o rabo do pavão, a juba do leão… tem insetos nos quais apenas um dos sexos vôa…
    Eu concordo que ajuda se as raças sexuadas de fantasia tiverem algum dimorfismo sexual. Mas não precisamos nos limitar ao que encontramos nos seres humanos.
    (embora eu adore elfas peitudas em bikinis de cota de malha, ou sem o bikini…)

  16. Leonel Domingos disse:

    Entramos num preâmbulo delicado então, Daniel. Eu vejo Eve como humanizada, mas não antropomorfizada (aquela forma arredondada também parece uma coruja, só para dar um exemplo).
    Citando outro exemplo, eu acho Nemo bem humanizado, enquanto que O Espanta Tubarões cai muito mais na antropomorfização.
    Porém, é tênue e existem muitas discussões acerca do que pode ser ou não antropomorfização. Há até quem não veja diferença alguma entre um e outro. Então acho que nem vale a pena enveredarmos mais neste assunto.
    De todo modo, sendo assim ou não, caso há que existe quem EXAGERE na antropomorfização, e quem prefira ser bem mais contido, ficando numa antropomorfização mais leve, ou apenas na humanização. São linhas de pensamento, só isso, e calha que eu prefiro as que não exageram.
    De todo modo, como você disse que lida com isso todo dia, eu fiquei mega-curioso! Tem uma página com seus trabalhos, ou algo assim? Eu mesmo sou um Zé neste quesito, que ainda não tenho uma página com os meus, mas geralmente eu sou um Zé sozinho, então até alimento esperanças de ver a sua.

  17. Arquimago disse:

    Muito bom, realmente mais polido que o outro. Concordo com ambos, como disse antes, apesar que no outro por sentir o “ar agrecivo” abaei ficando mais para o lado das humanoides bipedes(falei algo obre lobas e magos).
    Gostei de você ter fieo outro artigo, mostra um bom carater.
    Mas se me permite a figura que você link não me pareceu muito melhor que o conan de tanguinha, ele pode ter mais roupa… agora tem o mesmo apelo sexual… até msotrar os pelos pubianos ele faz! É um desenho bom, as mulheres ficam mesmo babando, agora só mudou o modelo, não para que serve o desenho…
    Mas como idsse gostei do artigo, e dele ter sido “menos Parcial”.(depois que fiz história não acredito em imparcialidade…)

  18. “Caras, eu só repito o que disse antes: quanto mais “humanizado” for (mais próximo do nosso paradigma), mais as pessoas se identificam com. Portanto, mais se vende, mais se agrada, mais se lucra.”
    Daniel, há isso, mas (falando de ambientações de RPG) se for *sempre* querer dar 100% de familiaridade ao público, teremos sempre a mesma coisa. Em termos de raças pra um cenário, os humanos (geralmente) sempre estarão lá — além dos elfos e anões, que nada mais são que humanos ultra-ectomórficos com orelhas pontudas e humanos ultra-endomórficos com estatura diminuída –, logo, não vejo motivo pra não pôr opções menos usuais de caráter mais “periférico”. Poderão não ser as opções mais populares, mas estarão lá pra quem quiser algo mais diferente. E isso não quer dizer que essas opções periféricas serão desprovidas de atrativos — onde não há seios pode bem haver uma cultura exótica e interessante, um metabilismo bizarro que concede habilidades desejáveis, e por aí vai.
    Arquimago, a imagem não é pra ser muito melhor que o Conan de tanguinha — é pra ser pior, em termos de sensualidade escancarada. Comparar uma elfa de chainmail bikini e bunda empinada com um bárbaro de tanga só porque ele usa pouca roupa sempre me pareceu incongruente. O personagem do desenho pode usar mais roupa, mas é de apelação sexual muito maior que um Conan.

  19. laura disse:

    ai que grande:'(

  20. Bruno disse:

    Comentário nada a ver com RPG, ignore se preferir:
    "Somos condicionados na divisão entre menino e menina desde criança — azul e rosa, carrinho e boneca –, mas é tão crucial assim a manutenção desse constructo? Ambiguidade sexual é tão ofensiva? Assexualidade é tão perturbadora a ponto de pedir algo tão alienígena quanto seios em répteis?"
    Shido, sobre esta divisão, não somos apenas "condicionados" desde criança, mas nossa fisiologia, psicologia (ou mentalidade, se ficar melhor) e instintos reforçam a divisão: Li certa vez numa publicação de psicologia (meu curso) que houve uma iniciativa nos anos 70 por parte de uma instituição de ensino italiana em educar crianças sem nenhuma distinção baseada em gênero, dentro de casa e da escola. Resumindo, enquanto não havia necessariamente preferência entre cores (azul x rosa, etc), os brinquedos e brincadeiras das crianças que participaram seguiam a mesma diferenciação conforme gênero que num ambiente de ensino tradicional (carrinho x boneca, etc), mostrando já naquela época uma diferenciação de atitude, preferências, gostos, etc de acordo com gênero que ignora o condicionamento social (não que este não seja importante).

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