Dungeons & Dragons, Pastiche e Inovação

Quando se fala de pastiche — não é familiar com o termo? Então leia o texto do BURP sobre o assunto –, a coisa que costuma vir à cabeça são “estranhezas” relativamente recentes, como o Perdido Street Station ou o Kill Bill do Tarantino. O pastiche pode ser encarado como aqueles mosaicos de azulejo do Gaudí — montes de fragmentos, pegos daqui e dali, aparentemente desrelacionados, que, graças ao arranjo, formam uma unidade coesa, ainda que peculiar.
Muitos RPGistas encaram o pastiche com algo próximo do horror — são “aberrações”, “colchas de retalhos”, maculam a “pureza” da “boa” fantasia medieval tradicional. “Ai, o Tormenta tem aqueles pistoleiros, e piratas — e aqueles patrulheiros (ou rangers) com pranchas de surfe!”. O Romância não escapou de tais invectivas — segundo um comentário antigo, é uma “mistureba” na qual “só faltava pôr uns E.T.s com poderes psíquicos no meio” (boa idéia, aliás) e que o que era bom era a “boa e velha fantasia medieval”. Mal sabem eles que o “puro” e “tradicional” Dungeons & Dragons é ele próprio um pastichão!

Dê uma olhada no seu Livro dos Monstros e responda: quantas mitologias diferentes o D&D predou para compor seu bestiário? Resposta: um bocado. Temos trolls nórdicos, medusas gregas, couatls com inspiração gritantemente pré-colombiana. E gólens hebreus. E fadas irlandesas. E olha a Grécia atacando novamente com o pégaso, a ninfa, e o titã. Os nórdicos, aliás, não cansam de emprestar: gigantes, anões, elfos. O que não falta ao D&D é diversidade em suas fontes mitológicas.
Isso é o óbvio, logo, avancemos para outras fontes. O Jack Vance, com sua série Dying Earth emprestou o sistema de magia usado no jogo — aquele horroroso, cheio de slots que aprendemos a substituir por outros –; o sistema original de tendências (Ordem-Caos-Neutralidade) , por sua vez, saiu de outro romance — Three Hearts and Three Lions de Poul Anderson. E, é claro, as raças de que todo mundo gosta, os elfos, anões e elfos da obra do Tolkien — que, por sua vez, os emprestou da mitologia nórdica. Esse artigo da Wikipédia fala sobre o assunto, se você tiver curiosidade.
Como vêem, é uma colcha de retalhos, um mosaico de multicoisas. Há sempre o argumento de que “poder, pode, mas tem que ser bem costurado”, mas, em geral, esse “bem costurado” é baseado apenas em gosto. Se eu gosto, é bem costurado; se eu não gosto, aí (vamos em)bora invocar que a coisa é uma colcha de retalhos. Eberron tem hobbits que montam dinossauros, “ciborgues”, os warforged, aqueles robôs meio-vivos-meio-máquinas, tatuagens transmitidas hereditariamente, “aviões” elementais. Tanta “bizarrice” quanto o Tormenta (ou até mais) e, ainda assim, vemos bem menos gente acusando o primeiro de mosaico, enquanto pro segundo não falta gente raivosinha, com uma nuvenzinha de chuva eternamente sobre a cabeça e pés em uma pocinha de ácido, prontos pra arremessarem pedras no “vitral” de Arton.
Talvez o D&D passe batido por ser um pastiche velho. “Já estava assim” quando boa parte de nós veio ao mundo — eu, por exemplo, sou made in the 80s –, logo, jamais vimos a colcha ser costurada. Vimos a colcha pronta, e pronta há um bom tempo, tempo o bastante para a coisa se tornar costumeira, usual ao ponto de podermos ver a floresta, mas não as árvores que a formam individualmente. Tomamos a unidade acabada como algo dado, sem jamais parar para pensar na variedade das partes componentes.
E esse hábito de “ignorar as árvores” criou um hábito muito desagradável entre os RPGistas, o de ver o D&D — e, em conseqüência, a fantasia medieval e, até certo ponto, a fantasia em geral — como algo monolítico, o universo de todas as possibilidades dentro do gênero. No máximo aceita-se D&D e Tolkien, talvez porque o último seja a referência mais óbvia, e, por ser mais literal, mais “pura”. Quantos cenários você vê por aí que não têm elfos e anões? E em quantos os elfos não usam arco e flecha e os anões não são criaturas das montanhas/subterrâneos? Magia arcana e divina — e só essa última, por alguma razão, é capaz de curar ferimentos — alguém? Quando propus elfos “capoeiristas” pra Tormenta — i.e. como tendo desenvolvido uma arte marcial graças à carência de armas em virtude da escravidão –, fui encarado com descrença, na base de que “os elfos não são assim”. Alguém já viu ou conversou com um elfo pra saber se eles são assim ou assado? Pois é.
Nossa fantasia é prisioneira do estereótipo. A coisa saturou, e se tornou incestuosa. E cruzamentos incestuosos, todos sabem, degeneram as linhagens, fazem-nas perder o viço. Como resolver? Parar de visitar somente nossos primos e primas, dar umas voltas pela cidade e conhecer gente nova. E recorrer ao mesmo processo que os pais do D&D se utilizaram para pari-lo: a pastichagem. Mas, repito, não com nossas primas. Se você só freqüenta a casa dos seus parentes, aquela prima über-gostosa é, efetivamente, a mulher mais linda do mundo — e se você não sair pra ver que no mundo existem muitas outras mulheres igualmente (ou até mais) gostosas, você só vai profanar seu corpo pensando na bendita prima. Você, obviamente, sabe que o mundo tem mulheres bonitas de sobra, e que seria um desperdício concentrar todos seus esforços apenas na sua prima. Ainda assim, em se tratando de RPGs de fantasia, o que mais vemos é gente que não vê coisa alguma além da prima!
Não hesitemos em conhecer gente nova. A ficção científica não mora tão longe da casa da sua prima — mas que mudança de ares ela proporciona! Temos literalmente um mundo de culturas além da européia; temos toda uma História além da Idade Média. Por que não usar? Só porque o D&D é medieval, e, portanto, não seria troo fazer de outra forma? Balela. É como viver dentro de um traje hermético, reciclando a água do próprio mijo quando há um enorme rio de águas límpidas bem ao lado.
A filosofia pode nos levar a sistemas de moral e ética bastante diferentes do nosso — o que é apropriado, já que os jogos de fantasia se passam em outros mundos –, então por que nos limitarmos ao judeo-cristianismo? Para quem já pensou no assunto mas nunca soube por onde começar, eu recomendo esse excelente texto do Valberto (que conta com uma continuação que trata de pôr em prática os conceitos abordados). E já que esses links te puseram no blogue do Valberto, aproveite e dê uma olhada nos posts de “repensando raças” — é ótimo material transicional, pois injeta novos ares nas raças com que você já está acostumado, logo, não estará pisando em “terreno estranho e hostil” abruptamente.
Se você tem o hábito de ler, não pense que só os livros de fantasia servem como inspiração. Qualquer coisa serve. Eu, particularmente, gosto mais dos de ficção científica, mas quem disse que os outros gêneros que você lê não têm adições interessantes para a fantasia? Pesquise também. A internet tem praticamente de tudo, só requer um pouco de google-fu (e nem muito, já que eu não sou particularmente habilidoso nessa arte e me viro bem). Seu cenário tem alquimia? Por que não dar uma pesquisada sobre o assunto? Há muito mais sobre alquimia do que misturar dois líquidos ou transformar chumbo em ouro — quem sabe alguma das minúcias sobre o assunto não te dá uma base pra algo bacana?

Claro que não podemos ser hipócritas — é difícil sair de nossa zona de conforto, aquele nicho tão familiar, conhecido, acolhedor e quentinho. Mas se a coisa for gradual, é mais fácil. Não vou mentir: eu mesmo já fui um “tradicionalista hardcore”. Me recusava a jogar Mage por causa da simples presença dos Filhos do Éter e dos Adeptos da Virtualidade — chegava a achar repugnante o pensamento de “magia” com quinquilharias tecnológicas; magia, para mim, era inexplicável, requeria muito abracadabra sem sentido e chapéus pontudos!

De certa forma, foram as guitarras elétricas do Romância que me salvaram. Sem querer, acabei criando uma explicação semi-científica pra possibilitá-las — por alguma razão, “deixei escapar” a chance de explicar com magia –, e, pra minha surpresa, foi a parte que meu grupo mais achou interessante, e isso me incentivou a buscar outras coisas na mesma linha. E isso foi expandindo. Caíram as monarquias (o sistema de governo de 9 entre 10 nações de fantasia) e entraram governos mais estranhos. A magia dos bardos tinha explicações baseadas na física do som, aí pensei “por que não expandir o modelo, pra que possa explicar toda a magia do cenário?” Com isso, caiu facilmente o modelo gygaxiano de magia arcana & divina. Depois em descobri o China Miéville — e tomei um belo choque com esse artigo dele –, e caíram os elfos, anões & cia. E raças não precisam sair necessariamente de mitologias — dá pra tirá-las de qualquer lugar. Os elfos largaram o usual posto de “mais alta civilização” e, no lugar, pus os Eloi — sim, os humanos do futuro de traços delicados da Máquina do Tempo do H.G. Wells –, o que já serviu para tirar os humanos do posto de “macacos mais evoluídos”. Ontem eu terminei de ler Foundation and Earth do Isaac Asimov — e de lá saiu um elemento que era o tempero que faltava por meus Eloi. (Se você leu esse romance, já deve imaginar o que eu tirei de lá.)

Mesmo eu falando excessivamente do Romância e do China Miéville, não quer dizer que pra ser diferente e “estranho de um jeito legal” a coisa precise se enveredar pelo steampunk e afiliados. Longe disso. pra fazer isso com medieval, e mesmo com elfos, anões e orcs. Mas não deixe o D&D, o Gygax e o Tolkien te limitarem. Quer medieval? Pesquisa a Idade Média de verdade — e, com base nisso, dê o seu tratamento. O mesmo com elfos & cia. — vá atrás dos mitos originais. O Tolkien e o Gygax podem ter feito realizações notáveis, mas eles são apenas macacos evoluídos, como você e eu, nem melhores e nem piores.

Então, quando você tiver alguma idéia que pareça “estranha demais” e aquela vozinha chata na sua cabeça começar a gritar “Isso não serve pra fantasia!”, mande-a, educadamente, ir dar meia hora de rabo e trabalhe a idéia. Muita gente reclama que não há nada de novo sob o sol do RPG brasileiro — então não fique só esperando, e ponha as mãos na massa. Os azulejos você tem, então é só montar o mosaico. E dá certo — foi assim, afinal, que o D&D foi feito.

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18 Resultados

  1. Alessandro Günt disse:

    De fato a grande maioria dos rpgistas não está dispota a aceitar o diferente num cenário (principalemnte de "fantasia medieval"). Mas vale lembrar que é necessário que se tenha uma coesão interna dos elementos ("uma unidade coesa, ainda que peculiar"), se não teremos coisas sem pé nem cabeça.
    Acredito que muitos até gostariam de inovar mais em suas criações, mas esses grilhões conservadores acabam pesando contra e inibindo esses indivíduos.

  2. Romullo disse:

    Ótimoooooooo!!! Finalmente, o que precisamos! Como podem brasileiros serem contra algum tipo de mistura? uahauhaahu São tds iguais? Acho q se esqueceram de suas origens… Pois é, Tormenta é ótimo, Romancia é ótimo, Eberron é ótimo. Com o passar dos anos acabei me enchendo dessa filosofia sempre maniqueísta. Eu quero é mais!!!
    Ah, Shido, dá uma olhada na raça louca q eu criei, claro q ainda falta muuuuuuuuuuuito para aperfeiçoar, mas ela é bem nesse estilo…
    Abçs!
    http://gaiaspriest.blogspot.com

  3. Gun_Hazard disse:

    Bom Shido tirando um detalhe seu que eu não concordo (Tentar colocar Tormenta e Eberron no mesmo Balaio).
    Como eu sempre digo as vezes o Classico é Divertido!

  4. Romullo disse:

    Claro, acho Tormenta melhor, Gun, mas gosto é gosto!
    Abçs!
    http://gaiaspriest.blogspot.com

  5. rsemente disse:

    Muito bom!!! realmente é dificil fugir do tradicional, primeiro tem que apresentar quando o mosaico estiver pronto, se não qunado ainda são peças separads, senão vão dizer: isso não presta!

  6. Keldorl disse:

    Valeu pelo texo!
    Mas.. poxa shido.. tive que ler uns dez textos antes de terminar o seu. hahahaha
    Cara eu gosto do clássico e tenho uma birra com alguns cenários como Eberron, e agora, graças a você eu tenho o vocabulário para dizer o porque: o Pastiche desse cenário foi mal feito na minha opinião.
    Mas eu não tenho nada contra inovações, o que mantem distante delas é o tempo, já não é fácil reunir o grupo para jogar o tradicional imagina encontrar tempo para ainda criar algo novo para jogar, depois explicar tudo para os jogadores … mas se bem que deve ser bem gratificante no fim.
    Gosto do Tolkien e lembro de quando li os livros dele e me impressionei exatamente com esse pastiche bem feito. Esse mundo tão fantástico mas ao mesmo tempo plausível(enquanto vc lê, óbvio).
    Talvez a mistureba de hoje seja portanto o clássico de amanhã.
    UHAUHuha eu que nominei seus elfos de Capoeiristas, hahah a idéia deles não me desagradou não acho até que combina, disfarçar uma luta em dança para se rebelar de escravidão, tem muita arte e destreza envolvida.
    Acho que misturar pode ser muito bom mesmo, mas com cuidado para ir sempre aparando as arestas e eliminando aquilo que impediria de colar determinada figura num cenário para que não fique claramente fora de lugar(aqui cabe tbm uma releitura artística da imagem para acompanhar), se achar que ficou faltando algo crie em cima do conceito. Pq é claro que algo simplesmente recortado daqui e colado ali tem poucas chances de ficar legal. Exemplo: talvez vc importe uma moral judaico-cristã mas não esqueça de tirar os crucifixos das igrejas e dos túmulos. heheheh(bobo esse exemplo)
    Mas no momento eu estou mais voltado a tentar criar uma profundidade maior para um cenário "clássico" do que me aventurar em recriar tudo do zero, muito devido ao trabalho gigantesco que a segunda opção demanda. No mais saciarei minha fome de novos pastiches com o seu "parnassopunk".

  7. jrnmariano disse:

    Concordo perfeitamente, mas eu também sempre fui de apreciar o instituído e procurar a alternativa.
    A mistura só por misturar ( a "pastaziche"?) não me fascina tanto mas o recolher aprofundado de ideias influenciais que reforçam tanto a filosofia de um design de jogo com também sua estética e pontos de contacto directos e tangíveis? Claro!
    Ainda por cima a maioria delas está disponível para referência com dois ou três cliques de rato ou naquele livro em terceira mão que se compra barato numa banca qualquer.
    De certo modo requer um pouco de tenacidade e sangue-frio "atropelar vacas sagradas". Daí que aqui por Portugal termos tido em público discussões calorosas sobre teoria de RPG e os rps indie que criaram separatismos e rancores despropositados.
    Mas sim, Shido, não precisas de te justificar mais, avança com a tua ideia original e porque já agora não te livras dos Trolls e outros arquétipos de fantasia mais que repassados? :p

  8. Romullo disse:

    Jrnmariano, depende do como ele lida com os Trolls. Certa vez disse em uma conversa que o que importa realmente não é você importar raças ou classes, mas a forma como você lida com elas. Por exemplo, no belo cenário de Moreania, os goblins já formaram uma cultura avançadíssima. Porque os Trolls (como os trollóides de Reinos de Ferro) não podem possuir uma cultura, uma sociedade peculiar? Tudo pode ser repensado: não precisamos seguir "moldes" e se eu bem me lembro, as características principais do RPG são o acesso a cultura e a expansão da criatividade! (sem me esquecer, é claro, da diversão! XD)
    Abçs!
    http://gaiaspriest.blogspot.com

  9. Shirokishi disse:

    Adorei o texto. Ainda mais o final, o tratar as mitologias e fontes originais, e não buscar coisas prontas de outras mentes que já deram suas próprias visões, que são excelentes no caso de Tolkien, não dá pra negar, ma-ho-meno no Gygax porque ele usou muita coisa pronta e adpatou. Se o Gygax não tivesse pesquisado realmente sobre elfos, o estereótipo que encontramos hoje seria tão diferente…
    Gostei muito da comparação de Tormenta com Eberron, achei muito pertinente. As colchas estão por toda parte mesmo.
    Parabéns por mais um excelente post!

  10. Keldorl, viu que coisa boa? Você ganhou vários textos pelo preço de um! Não precisa agradecer. =D
    Agora permita-me discordar de você sobre o Eberron — você pode não curtir, mas é um pastiche bem feito. A maneira como eu citei vários dos elementos "controversos" do cenário foi de modo intencional a mostrá-los como estranhos. No livro em si, as descrições, ilustrações e colocação no cenário fazem momentaneamente esquecer que os warforged são "ciborgues", ou que as naus elementais funcionam efetivamente como aviões; as "tatuagens hereditárias" são bem amarradas à história e à sociedade do cenário. E tudo sob o "verniz" dos cânones do D&D, inclusive usando alguns elementos de forma mais legal — como uma nação "não-vilã" que tem um exército de mortos-vivos, por exemplo, e toda a "tecnologia" à base de magia. No final, o Eberron é bem moderado em termos de estranheza.
    E, sim, essas coisas dão trabalho. Em geral esses meus posts se direcionam mais a quem já esteja disposto a criar algo — como o cara já está disposto a algo que vai ser trabalhoso, é melhor, na minha opinião, usar esse esforço pra algo original do que fazer mais uma versão da mesma coisa, como vemos muito por aí.
    jrnmariano, eu concordo com você, a mistura só pela mistura não tem valor — os elementos devem se conectar, concordar entre si, gerar uma harmonia. Pôr cowboys em fantasia medieval, em si, não é bom ou ruim — tudo depende de como esses cowboys serão trabalhados. A estética da coisa também é importante — como desenhista, inclusive, é algo que sempre me prende a atenção. O Eberron é um exemplo — em vez de ter literalmente aviões, eles têm navios voadores dotados de enormes anéis elementais; são efetivamente aviões, mas, esteticamente, não causam a estranheza que causariam de outra forma.
    Já os trolls são uma coisa que eu ainda estou considerando. Da forma como estão, lembram em quase nada um troll tradicional — cheguei a considerar trocar o nome para Aesir ou Jotun, até descreveria melhor. No fim das contas, acho que gosto da sonoridade de troll.
    Gun, isso é preconceito. O Eberron é tão pastichento quando o Tormenta, é inegável. Não entro nos méritos do cenário em si ou em termos de apresentação estética (quesito no qual o Eberron ganha) porque não é o tópico. O que analisei é o uso de referências "alienígenas" e, nesse quesito, os dois são parelhos e perfeitamente relacionáveis.

  11. Romullo disse:

    Jotun, o nome nórdico! Mais um pastiche! Pelo menos está muito bem amarrado e é isso o q interessa aos leitores/jogadores: o quão coeso aquilo é. Na minha área (Jornalismo) chamamos tanto esses elementos de união de BG (background) que não se resume simplesmente ao histórico, mas a todos os componentes do cenário que servem para fornecer um entendimento dele (música de fundo por exemplo, ou o que você conserva do original para formar a matéria…). Enfim, ao meu ver, o que torna o jogo atraente não se resume apenas a saber costurar, mas toda a cultura que se forma a partir disso. Música, sim! Sociedades, sim! Histórico da taverna, sim! Temos ótimos brasileiros fornecendo ótimos materiais atualmente, o que mt me agrada.
    Abçs!
    http://gaiaspriest.blogspot.com

  12. valberto disse:

    Bom Shido tirando um detalhe seu que eu não concordo (Tentar colocar Tormenta e Eberron no mesmo Balaio).
    Como eu sempre digo as vezes o Classico é Divertido! [2]

  13. Arquimago disse:

    Gostei muito e vejo mesmo muito disso!
    Até hoje não joguei alguns jogos que comprei por esse motivo…
    E A parte do Traje e do rio foi a melhor analogia!

  14. Matheus disse:

    Sempre me lembro de uma dica de mestre que li na antiga DB em q o Cassaro dizia assim: "Uma vez vi um grupo de jogo numca convenção jogando com lobisomens, vampiros e street fighters combatendo baratas gigantes espaciais… e todos estavam se divertindo beça!"
    Ouço muitas críticas à vários cenários e idéias – eu mesmo teço algumas às vezes – mas como vc mesmo trouxe no artigo, acaba, por vezes, sendo questão de gosto.
    Por isso sempre digo logo: "Cara, vc não gosta? Então não jogue! Deixa kem acha divertido ser feliz".
    parabéns de novo, Shido!
    braços!
    fica com Deus!
    té +!
    Math

  15. Aiken Frost disse:

    "'mistureba' na qual 'só faltava pôr uns E.T.s com poderes psíquicos no meio' (boa idéia, aliás)"
    Hah! Quem diria! Esse é justamente um dos maiores plots do meu cenário.
    Gosto muito de colocar coisa diferentes no meu cenário. Máquinas de guerra como tanques, canhões, trens, culturas completamente diferentes do usual…
    Aventura passada, os jogadores terminaram de limpar uma mansão cheia de Aberrações para morarem lá e foram para um pub comemorar, ao som de um bom jazz…

  16. Droga, Aiken, se a coisa continuar assim, daqui a alguns anos os E.T.s com poderes psíquicos serão considerados "clássicos". =P
    Mas me fale de regras, Aiken — tava lendo um post seu no fórum da Jambô, e você afirmou que nunca se sentiu limitado pelas classes básicas engessadas do D&D. Isso é também verdadeiro na sua fantasia de mosaico ou foram precisos adendos e modificações?

  17. Keldorl disse:

    Eu não expliquei antes porque acho o pastiche de Eberron malfeito, vou escrever então, para quem criar algo parecido não cometa os mesmos erros se assim também os considerar.
    Não vou enumerar tudo que não gosto, vou só colocar a mostra as duas coisas que me parecem falhas.
    Primeiro é sobre as naus elementais, o grande problema que me faz torcer o nariz sempre aqui é que elas vieram com uma coisa que é muito mais comum à ficção científica que é a pseudo explicação científica, que num cenário de ficção científica é um elemento muito comum, que consiste em se basear na ciência real para dar uma "explicação" para algum fato extraordinário que acontece no cenário, o que não é ruim, na verdade pode ser algo que faz você mergulhar mais adentro do cenário e quanto mais você acredita nele mais divertido é, em RPG então esse poder de imerção do cenário é algo de sublime importância.
    Quando bem feito a pseudo explicação científica intriga até aqueles que entendem da ciência envolvida na explicação, porque pegam justamente num ponto em que tal conhecimento da ciência ainda é obscuro ou vago na compreensão das pessoas… sendo portanto muito mais difícil de agradar um Stephen Hawking com uma delas, mas no entanto, quando consegue tal feito é garantia de sucesso.
    Mas quando é mal feito a pseudo explicação científica tem efeito contrário na imersão do cenário, pior, pode negar completamente a imersão no cenário e colocar em descrédito toda a história.
    Não sou contra a pseudo explicação científica mergulhada num cenário de fantasia, acho igualmente válido, mas o problema das naus elementais é outro: é que nesse caso foi muito mal feito mesmo com elementais de fogo funcionando como turbinas de um avião… WTF?! … o que faz o avião voar são as assas e sem elas não adianta ter turbinas … concordo que uma embarcação voadora é muito mais adequada a um cenário de fantasia medieval mas bem que poderiam ter dado uma explicação muito mais simples para ela aproveitando a presença da magia no cenário: essa embarcação foi encantada com um encantamento permanente de voo.
    (escrevendo sobre pseudo explicação científica tive várias ideias que abragem este elemento e acho que vou escrever um pequeno texto sobre isso, não tenho blog nem nada, alguma chance de colocar ele aqui?)
    O segundo ponto que considero falha do cenário de Eberron é justamente onde sistema de regras encontram o cenário e mais especificamente no caso dos Warforgeds, eles podem até ser um pastiche bem feito mas esse detalhe das regras quebra nossos ciborgues medievais, como assim que o warforged feito todo de metal não tem uma classe de armadura alta? imunidade á uma pá de coisas.. não seria pertinente colocar um ajuste de nível legal e modelar ele melhor? (já que esta é a própria solução do D&D para se colocar um "raça" com vantagens em condições justas de jogo) mas na minha opinião falharam e colocam tudo isso a perder pelo simples motivação de marketing de fazer dos warforged uma classe "básica" do cenário.
    Argumentos da wizards como "não seria balanceado em termos de jogo" ou " todos teem que ter o mesmo poder de fogo no combate" são os elementos que na minha opinião mataram a possibilidade do warforgd ser levado a sério e junto com ele Eberron, e támbem o motivo pelo qual acho as regras da 4rta edição inadequadas a meu estilo de jogo e podem estragar cenários(vide forgotten).
    (Sistema de regras+cenário) pode até não ser uma coisa só mas tem que parecer uma coisa só, andar de mãos dadas mesmo.

  18. Gema Shilts disse:

    I really don't share the same view as you may but have an understanding of whatever you coming from. Carry on the excellent work, piece.

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